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18.11.06

Investindo em Dividendos

A grande maioria dos novos investidores do mercado é atraída para a bolsa de valores muito mais pelo histórico de valorização das cotações dos papéis, do que propriamente pela solidez dos ativos e a sua capacidade de pagar bons dividendos a cada período. Segundo um estudo comparativo das médias de pagamentos entre os países da América Latina, as empresas brasileiras apresentarão as melhores políticas de distribuição de dividendos, com pagamento estimado este ano de 4,5%, bem mais do que empresas chilenas(2,9%) e uruguaias(1,8%).

Já é sabido que os acontecimentos passados não devem servir como referência para novas aplicações. O cenário está sempre sujeito a constantes mudanças, e apesar da análise gráfica ser uma ferramenta bastante utilizada nas tomadas de decisão, ela funciona muito bem para que se possa entender o comportamento dos papéis ao longo do tempo, situar melhor o presente e também oferecer indicações para o futuro.

Ocorre que o mercado pode andar em duas direções. E nem sempre vai ser para cima, o que pode fazer a carteira de ações sofrer uma desvalorização como um todo. Mas os dividendos pagos por cada empresa não dependem de suas cotações momentâneas e estão muito mais associados a fatores fundamentalistas, como o lucro operacional, o ROI (Return on Investment), capacidade de geração de caixa, um baixo nível de endividamento, dentre outros aspectos.

Os dividendos consistem na parcela do lucro distribuída aos acionistas e, atualmente, já existem diversos fundos focados exclusivamente nos seus recebimentos, selecionando alguns setores e as empresas que se destacam pela tradição de serem boas pagadoras, como também pela periodicidade com que isto acontece. Lembrando que, todo investimento feito com esta finalidade não deve objetivar um retorno imediato, e sim, vislumbrar prazos mais dilatados.

Na hora da escolha é bom considerar a participação dos dividendos sobre o preço da ação. Conhecido como “dividend yield", este deve ser, preferencialmente, superior a 10%. Analisar sob um prisma meramente monetário, contabilizando apenas os valores pagos em Reais, pode gerar interpretações equivocadas, sendo realmente mais importante e recomendável que se observe as relações entre os proventos e o custo das ações.

Portanto, aqueles que tratam a sua carteira de ações como patrimônio devem considerar a possibilidade de carregar apenas papéis com bons fundamentos, e usar a AT como parâmetro para eventuais entradas e saídas do mercado. Mesmo no caso de haver uma iminente queda nas bolsas, a rentabilidade destas aplicações não tende a ser muito penalizada, apesar de uma possível desvalorização no preço dos ativos cotados na pedra. Alguns setores bastante atrativos para este tipo de investimento são os bancos (BBDC, ITAU), as siderúrgicas (CSN, CST, USIM), as empresas de telecomunicações (Telesp Fixa, Telemar).

Apenas com exemplo, a Companhia Siderúrgica Nacional projetou para este ano um “dividend yield” de 19,7%, o maior do Brasil e o segundo em toda a América Latina. A Siderurgica Tubarão, que foi incorporada pela Belgo na formação da Arcelor-Brasil, de acordo com projeções da Merril Lynch, tem um "dividend yield" de 14,6% e a Telesp, 14,5%, o que pode ser considerado excepcional.

A nova investida da CSN

E agora a CSN oferece U$8 Bi para adquirir a européia Corus. Precisamente quatro anos após ter sido alvo de uma tentativa frustada de aquisição, ela dá o troco e pode se transformar na quinta maior siderúrgica do mundo com a compra da empresa anglo-holandesa. Quem não deve ter gostado muito da notícia é o indiano Ratan Tata, dono da Tata Steel, que já havia feito uma oferta no mês passado. Enquanto as ações da Corus subiram quase 5% ontem em Londres, os papéis da CSN registraram -4,25% na Bovespa com a divulgação da notícia. Caso o negócio realmente se concretize, ela deve melhorar sua competitividade nos mercados externos e obter uma boa redução de custos pela produção em maior escala, aliada também à sua auto-suficiência em minério de ferro como matéria-prima.
Boas notícias? Em parte... porque a operação ainda não está garantida (a proposta é superior em apenas 4,4% a da Tata) e o desembolso para efetivar esta compra certamente vai modificar o fluxo de caixa para os próximos balanços da empresa. Mas a tendência é que esta onda de fusões e aquisições perdure por um bom tempo, uma vez que o mercado siderúrgico ainda é bastante pulverizado, e a formação de novos conglomerados deve continuar ocorrendo para aumentar o poder de negociação com fornecedores e a eficiência na produção, assim como aconteceu no episódio envolvendo a Arcelor e a Mittal.
Referências : Valor Econômico, Infomoney, O Globo

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