Plus500

25.9.07

Emails

Vou começar a publicar aqui trechos dos inúmeros emails que recebo dos leitores (sempre preservando o remetente, quando solicitado) pois tenho percebido que muitas dúvidas e/ou solicitações têm sido comuns a mais de um colega. Respeito o fato de alguns não utilizarem os campos para comentários do site, preferindo manifestar-se em caráter reservado. Por isso, exceto quando autorizado, não darei "nome aos bois".

Como exemplo, lembro de uma aluna que participou de um treinamento (e hoje tornou-se amiga) perguntando o que ela poderia fazer para recuperar ao menos parte do que havia investido - e perdido - em opções. Após comprar em sequência, fazendo preço-médio para baixo, ela se viu em uma situação onde 60% do valor aplicado havia "sumido". Queria encerrar as operações assumindo o prejuízo e acabando, de vez, com sua angústia. O medo de perder ainda mais levou ela a querer vender TUDO, justamente quando um fundo se aproximava. Apesar de não podermos "defender" aquilo que já foi perdido, propus a ela que tratasse sua posição como se fosse montada naquele instante. E perguntei: a esta altura você lançaria opções, caso estivesse zerada. Ou estaria inclinada a comprar? Felizmente ela absteve-se do envolvimento emocional com as operações e conseguiu reaver quase a totalidade de seu capital.

Um outro amigo, que se auto-intitula como " pé-trocado", escrevia diariamente para mim, eufórico e inebriado com a valorização de sua carteira. Afirmava que o mercado iria subir para sempre. Como de costume, sugeri cautela e que, na medida do possível, ele fosse apropriando os ganhos obtidos. A Bovespa ainda estava por volta de 55.000 pontos, mas quando aqueles problemas com as subprimes vieram à tôna, ele achou que era puro terrorismo e manteve-se comprado. Voava em céu de brigadeiro sem paraquedas!!! No dia em que a bolsa estava perdendo 9% em um só pregão, ele telefonou dizendo que o pessoal da corretora sugeriu que ele zerasse os ativos, mesmo depreciados, ou fizesse um "hedge" vendendo minicontratos na BM&F. Ainda pedi que esperasse, mas seu desespero era tanto, que acabou fazendo aquilo que sugeriu o seu corretor. Preciso falar mais? Desde os 45k, com o mercado se recuperando, ele está desconfiado de que a "grande queda" ainda nem começou. E quer que eu o ensine a fazer operações "vendidas". Como é duro...

Bem, temos casos mais bem sucedidos: o Sidnei (este autorizou que eu o citasse nominalmente) escreveu há tempos dizendo que tinha entrado no PIBB ao preço do bookbuilding. Quando a cotação foi a RS60,00 eu mesmo o aconselhei a vender (como eu fiz). Como demorou a agir, os preços voltaram para 46 (?). Pensei até em recomprar... mas optei por mudar para papéis de empresas pagadoras de dividendos. Há pouco, o PIBB voltara para R$85, ele - tirando um sarro - retornou a ligação para saber se já estava de bom tamanho. Eu o incentivei a realizar, o que, desta vez, foi feito com apenas metade do lote.

Mas naquele dia traumático ele veio aqui em casa, apavorado, querendo saber se deveria vender o restante. Consegui convencê-lo a esperar, e fui além (o que não é hábito): caso estivesse com disponibilidade de recursos, eu recomendaria comprar mais - pelo menos a parte que vendeu!

São apenas alguns exemplos que, embora ocultos, representam como o aspecto emocional influencia diretamente no resultado dos investimentos de cada um. A psicologia aplicada no controle operacional não tem preço!

Felizmente temos os blogs, que funcionam quase que como um diário. Neles ficam registrados todos os nosso estudos (erros ou acertos) independentemente das decisões pessoais tomadas e ordens executadas. Assim como é a vida...

^v^

7 comentários:

Roca disse...

Na crise do ano passado eu vendi as minhas vales e usiminas na baixa e me arrependi.
Este ano não vendi nada e comprei mais quando achei que as coisas tinham se estabilizado
Vivendo e aprendendo...

The Dominium disse...

Seagull

Que legal que auxiliaste colegas.

Quanto a mim não vendi posições na queda, salvo 1 para operar opções mas já recompus a carteira com os ganhos.

Acredito que muito entendam errado minha frase "SEGUE O JOGO", não faço referências a cassinos e sim a estratégias.

Ainda estou montando o BLOG de um Ex-Novato, aos poucos e com as limitações que me são inerentes neste setor que não domino tão bem.

Boa sorte e saúde

Junior

Seagull disse...

Pois é... euforia e pânico!

Compra-se nos topos para entregar perto do fundo.

Deveria ser ao contrário! Ou então (para o especulador) estabelece um limite de perdas o quanto antes.

Se o investidor for do tipo "patrimonialista" (adepto do "buy-and-hold") o melhor é esquecer as ações nas marés de baixa que um dia tudo acaba voltando!

Mas desfazer-se no desespero - quando a coisa fica podre - é a pior alternativa. São estes que pagam a conta (principalmente se entraram no final de uma alta) ;-)

Seagull disse...

Valeu Dominium!

Boa sorte para você, que é muito dedicado e merece mesmo todo sucesso! :-)

Abs ^v^

PS: nao deixe de "alimentar" seu blog! ;-)

Seagull disse...

Nada contra quem encara o mercado como um jogo, Junior.

Apenas acho, como escrevi anteriormente, que para isso é preciso ser bom "jogador".

Mas, no final das contas, sempre prevalecem as estratégias bem planejadas. Com os estudos compartilhados então, isto pode nos ajudar bastante! ;-)

Anônimo disse...

com relação às vendas do PIBB é bom ressaltar que NÃO contam com a isenção de 20K do imposto de renda

Seagull disse...

O PIBB tem estas particularidades. Mas o pior é não pagar os dividendos distribuídos pelas empresas que o compõem. Esta foi uma razão para eu preferir comprar diretamente os ativos.