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29.10.07

Quem são os novos milionários da bolsa

Ele já foi diretor de mercado de capitais do maior banco privado do país, o Bradesco. Há cerca de oito anos, depois da quebra do Mappin e das malsucedidas operações feitas pelo Bradesco com Ricardo Mansur, deixou a instituição financeira. Chegou a presidir a rede de academias Runner e a trabalhar em uma operação de abertura de capital da empresa, nunca realizada. Há pouco mais de dois anos, já na corretora Planner, Maurício Quadrado representou um grupo liderado pelo português Pedro Lôbo em uma oferta pela Varig, que não vingou. Mas, agora, Quadrado tem motivos de sobra para dizer que deu a volta por cima.

O ex-executivo faz parte de uma seleta lista dos mais novos milionários (ou de ainda mais milionários) da praça. Acaba de embolsar R$ 18,86 milhões com a venda de parte de suas ações na Bovespa Holdings, a bolsa paulista, que iniciou a negociação de seus papéis na sexta-feira. Na cerimônia de abertura dos negócios, homens engravatados, muitos de cabelos brancos, emocionaram-se ao ouvir soar a campainha. Quadrado, sócio na corretora Planner, não foi visto por lá. Roberto Lombardi de Barros, que começou a carreira como operador especial na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e hoje é dono da corretora Interfloat, também não. Ele foi a pessoa física que mais ganhou com a oferta de ações da Bovespa: R$ 60,42 milhões. Conhecido por ter um dos maiores estandes na Expo Money, Lombardi deverá ganhar ainda mais na abertura de capital da BM&F, em andamento, já que o principal foco de sua corretora é o mercado de derivativos e câmbio.

Dos 147 acionistas que venderam papéis da Bovespa na oferta inicial - quando 40% do capital da bolsa passou a ser livremente negociado no mercado -, 33 são pessoas físicas. Muitos são herdeiros dos fundadores de corretoras, como Maria Cristina Lara Dias de Souza. Formada em economia pela USP em 1983, ela é filha de Arthur Celso Dias de Souza, que fundou a Dias de Souza. Álvaro Luiz Alves Otero é filho de Luiz Affonso Otero Filho, da corretora Pebb, que tomou um prejuízo de US$ 50 milhões quando eclodiu o caso Naji Nahas, em 1989. Entre os casos de herdeiros há também os das famílias Ciampolini e Masagão Ribeiro, do Indusval.

Alguns desses "milionários da Bovespa" estavam presentes à cerimônia de sexta-feira. Mas, embalados pela lei do silêncio, preferiram não comentar o que farão com o dinheiro. Alguns limitaram-se a brincar sobre o aumento da demanda por barcos e casas de campo. O que é certo é que estão sendo bombardeados com ofertas de administradores de recursos, muitas vindas de instituições que sempre foram suas grandes concorrentes.

Quase a totalidade das 33 pessoas físicas que venderam parte de suas ações da bolsa na oferta inicial mantém suas corretoras. Por que, então, não foram a instituições financeiras que arrecadaram os recursos, já que elas detinham os títulos patrimoniais da bolsa? A resposta está na tributação. O lucro de uma instituição financeira está sujeita ao pagamento de uma alíquota de 33% do Imposto de Renda. Já o imposto sobre o ganho de capital de pessoa física é de 15%, segundo explicou ao Valor uma fonte que participou do processo de desmutualização da bolsa. Por causa disso, muitas corretoras fizeram uma complexa operação de redução de capital, mediante a transferência dos títulos patrimoniais aos acionistas pessoa física.

Foi o que fez, por exemplo, o Indusval. Em assembléia geral extraordinária de 30 de março deste ano, o banco reduziu seu capital em R$ 16,7 milhões, entregando aos acionistas seis títulos da Bovespa, um de membro de compensação e um de corretora da BM&F. Em seguida, foram definidos os percentuais dos títulos a que cada um dos acionistas tinha direito. Luiz Masagão Ribeiro, ex-presidente da BM&F, por exemplo, recebeu 19,546% dos seis títulos patrimoniais. Na sexta, essa participação lhe rendeu R$ 6,354 milhões.

Os Masagão Ribeiro, Ciampolini, Manoel Félix Cintra Neto e Antônio Geraldo da Rocha, do Indusval, captaram juntos quase R$ 35 milhões, ante os R$ 15 milhões que vão para o caixa do banco. Os acionistas já haviam obtido outros R$ 32,5 milhões com a venda de parte de suas ações na abertura de capital do Indusval, em julho.

Acionistas da Interfloat, Planner, Indusval, Prosper, Dias de Souza e Petra optaram por transferir os ganhos para as pessoas físicas. Mas a maioria decidiu arrecadar os recursos em nome das corretoras. Foi o que fez a Magliano, do presidente do conselho de administração da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, que obteve R$ 65 milhões. Ou a Spinelli, de Nelson Spinelli Filho, amigo de Magliano, que captou R$ 31,8 milhões. Segundo ele, os recursos serão usados na modernização e profissionalização da corretora, num projeto desenvolvido por uma consultoria.

A corretora de Spinelli foi fundada por seu pai e tios, em 1953. Ele diz que se o seu filho, Nelson Spinelli Neto, não gostasse e não quisesse continuar tocando o dia-a-dia da corretora, talvez decidisse se aposentar. Logo depois, titubeia: "É... não sei, não. Talvez eu não conseguisse (largar o negócio)."

2 comentários:

Mineiro disse...

Era essa a noticia que eu estava esperando chegar...

Anônimo disse...

Um dia, chegarei lá também!