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27.3.08

CESP News

Para os que ainda ficaram encarteirados no papel (e não entraram no pânico pelo cancelamento do leilão) a coisa pode voltar a clarear. Como falei ontem em tom de brincadeira que estava com vontade de mandar uma carta ao governador de São Paulo, em um ato despretensioso e de muita coragem (rs) acabei mesmo por fazê-lo.

Devo antes esclarecer, e reafirmar, que minha posição na carteira sempre foi em CESP3, as ações ordinárias com direito a voto, que estão com mais de 95% de sua totalidade nas mãos dos controladores. E comecei adquirindo os papéis na faixa de 23. Realizei no alto dos 38, mas fui um pouco precipitado e recomprei as ações antes do que deveria.

Pois bem, vou editar aqui um trecho do email que mandei para o Governador José Serra, com cópia à Ouvidoria do Estado de SP. Pode até não dar em nada, mas fiz o que achava que tinha que fazer, seguindo a minha cabeça naquele momento.

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Prezado Governador,

Certamente os acionistas minoritários da CESP ficaram frustrados com o cancelamento do leilão de privatização da empresa, embora muitos já esperassem por isso.

O momento era oportuno, não podemos questionar o preço mínimo, uma vez que o mesmo foi considerado alto pelos interessados, e baixo pelos sindicatos e trabalhadores.

O fato é que depender de acertos para renovação das concessões esbarra na questão político-partidária. Custei a acreditar que o PT e o Lula poderiam estar vendo com bons olhos esta entrada de recursos antes das eleições municipais. Depois ainda teremos o pleito presidencial em 2010 onde esforços não serão medidos para eleger um sucessor alinhado.

Como o Sr. é um economista, pense por este lado: que tal primeiro arrumar a casa dentro da CESP, buscando um maior nível de governança corporativa, tornando TODAS as ações com direito a voto, melhorando a imagem para o investidor, e a transparência administrativa para seus acionistas minoritários. Quem sabe colocar até a ação da empresa no Novo Mercado da Bovespa?

Acredito que assim aumentará muito a atratividade de um possível negócio, e, sendo bem gerida, ela terá condições de apresentar mais lucro = + dividendos. Quem sabe o mesmo dinheiro com a venda fracassada do leilão não possa ser obtido por outros meios? Já pensaram em reestruturar a empresa e fazer uma nova oferta pública de suas ações? Esta ainda continua sendo a forma mais barata de captar dinheiro, através da pulverização no mercado de capitais.

Isto depende muito do Sr e sua equipe. Não deixe que um revés jogue tudo por água abaixo.

Atenciosamente

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Parece piada? Pode ser...

8 comentários:

Seagull disse...

O fato é que enviei mesmo este email ontem, e logo recebi a resposta automática:

Prezado(a) Marcio,

Agradecemos o seu contato e informamos que sua manifestação foi protocolada sob nº 86745 em 26/03/2008.

Sua manifestação será analisada e seu trâmite (ou andamento) poderá ser acompanhado pela internet no link abaixo:

http://www.ouvidoria.sp.gov.br/Acompanhamento.aspx

Atenciosamente,

Ouvidoria Secretaria de Comunicação - Sede
Fone: (11) 2193-8470
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É isso!

^v^

Anônimo disse...

Fez muito bem.
Enviei há um tempo atrás um e mail para o presidente do Congresso, na época o Aldo Rabelo e semanas depois ele me respondeu. Achei bacana. Falei tudo o que eu achava e mais um pouco.
Ele se deu ao trabalho de me explicar uma série de coisas. Fiquei satisfeita com a resposta e com a gentileza.
De vez em quando a gente se esquece que eles são nossos representantes e acima de tudo servidores públicos.
Isso nunca deveria ser esquecido.
Abs

Seagull disse...

É...

mas isso me lembrou de um velho participante de fóruns que adorava escrever cartas para as autoridades...

Nunca fiz isso, mas acho que desta vez não temos nada a perder. E a causa é boa... se não vai dar em nada e vão ignorar minha sugestão, é outra estória.

Mas pensa bem: arrumam a casa, juntam todas as ações em ordinárias (com direito a voto) e fazem uma oferta publica pulverizando a empresa sem perder o controle. Acho bem mais racional.

Pode ser melhor do que desfazer-se dela. Não é uma das maiores geradoras de energia do país? O sistema elétrico não tem que crescer? Porque entregar à iniciativa privada.

Isto é assinar atestado de incompetência ou interesses ocultos (nem tanto, pq colocar dinheiro no caixa em tempos de eleição é sempre bom negócio - para eles, rs)

Abs

Anônimo disse...

Se vc falou mais do que devia, imagina eu...simplesmente abri meu coração num blog onde deveria falar apenas de ações, gráficos e etc.
Espero que me desculpe por isso. Não vai mais acontecer.

A CESP é um caso a ser pensado. Não está entre minhas preferidas, até hoje não comprei. De repente pode ser uma boa idéia. :-)
Abs

Seagull disse...

Patricia,

aqui pode falar do que quiser: o foco é o mercado, mas cultura, culinária, esportes, viagens, sentimentos, experiências pessoais, tudo uqe puder acrescentar será válido para alguém.

Afinal, não somo robôs por trás destas máquinas! :-)

A casa é sua, use-a como preferir!

Abs ^v^

Anônimo disse...

Você é um ser humano de primeira grandeza. Obrigada por me deixar à vontade. Minha opção vai ser usar a casa para falar de mercado. :-)

Seagull disse...

Que isso Patricia!

Sou falho e tenho meus defeitos, muitos... rs

Mas olha que o pessoal da Ouvidoria me respondeu:

Prezado Márcio: Mais uma vez agradecemos seu contato com a Ouvidoria da Comunicação, e na oportunidade informamos que em atenção a sua solicitação a Assessoria de Imprensa responde o que segue:


Boa noite Márcio

Agradecemos a manifestação e da mesma forma sincera que você enviou este e-mail, retorno com a fala do governador José Serra ao anunciar o
cancelamento do leilão da Cesp.

A entrevista foi realizada no Palácio dos Bandeirantes, 25 de março de
2008.

"Bla-bla-bla-bla-bla...."

Cordialmente,

Ouvidoria Secretaria de Comunicação - Sede

Seagull disse...

E já repliquei agradecendo a atenção:

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Prezada Caroline (p/ Secretaria de Comunicação),

Muito obrigado pela pronta atenção e resposta. Gostaria muito que a mensagem chegasse às mãos do Governador José Serra, assim como esta réplica que envio despretensiosamente.

Fico feliz por ter a certeza de que o Governador, como não poderia deixar de ser, está ciente do cenário atual que dificulta novos investimentos.

Entretanto, pelo potencial da Companhia Energética de São Paulo, e elevada participação em um setor crucial para o desenvolvimento do estado e do país, tentei descrever algumas alternativas de mercado para solucionar a questão. Com um peuqeno esforço e baixo investimento o caixa estadual poderá ser engordado - para poder realizar suas ações mais emergenciais, desonerando as despesas, e tornando a empresa CESP em uma jóia um pouco mais lapidada.

Li também nos jornais, além da entrevista com as falas do Governador, que já existem estudos no sentido de pulverizar as ações de posse do Estado, sem a perda do controle gerencial.

Como investidor e estudioso do mercado, acredito mesmo que a solução seria fazer uma reengenharia administrativa, unificando todas as ações da CESP em ordinárias (com direito a voto), vendendo parte do lote dos controladores - preservando um percentual acima de 51% - e até mesmo fazendo uma nova oferta pública, o que traria mais liquidez aos papéis.

Entretanto sem implementar novos conceitos de governança corporativa, dando mais transparência aos novos interessados em compartilhar o lucro gerado, como também aos antigos investidores ávidos por dividendos, o efeito terá escala reduzida e pode não ter a mesma aceitação pelo mercado.

A luta por privatizar a CESP já vem, de longa data (eu tenho acompanhado). Por que então não arrumar a casa para torná-la mais atrativa?

Sei que minha capacidade de colaborar é restrita, mas veja minha manifestação como a mais descompromissada, apesar do interesse em ver a empresa lucra (me beneficiando disso), mas acima de tudo de oferecer um país melhor para minhas filhas. Falta de energia, racionamento, apagão são coisa tão abomináveis como a violência nas capitais e o surto de dengue que assola o Rio de Janeiro.

Por um Brasil melhor, mais esperança às novas gerações, melhores condições de ESTUDO (e emprego) e um mercado de capitais eficiente, com os investidores participando do resultado, e ajudando a fazer as empresas crescerem.

Respeitosamente

Marcio