Plus500

28.4.08

A irrelevância das notícias

Pessoal, tendo em vista o desencontro das notícias com a resposta dada pelo mercado aos fatos - i.e. resultado do balanço da Vale e, mais recentemente, à compra da BrT pela Oi (onde hoje todas as ações das empresas envolvidas estão em baixa até o momento) - recebi um resumo do Grupo Equipe de Investimentos, e edito um texto enviado pelo Edgar Serra, um experiente colaborador, que sempre faz leituras muito bem fundamentadas.

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Quando alguém questionou a baixa da Vale na 5a. feira passada, possivelmente ainda não sabia (como todos nós) do balanço trimestral que foi divulgado no final do dia, revelando uma significativa queda do lucro líquido em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Até onde vi, ninguém se habilitou a responder àquela questão. E quem o fizesse, altista ou baixista, teria passado do regozijo à frustração em questão de poucas horas.

Quem viu o gap de baixa na abertura de 6a. feira diria que estava confirmado um corte na direção de uma baixa mais consistente. Neste caso, o gráfico estaria refletindo o mau fundamento, principalmente para aqueles (talvez a maioria) que esperavam lucros crescentes em função das sucessivas altas no preço do minério. Uma forte queda percentual no lucro líquido em relação ao mesmo trimestre do ano anterior não era esperada, salvo pelos insiders que tiveram conhecimento do balanço na véspera.

Se pesquisarem os diversos chats grafistas na manhã de 6a. feira (coisa que não faço, ou não faço mais há anos) podem apostar que muitos estariam vendo uma ilha de reversão sinalizando para baixo (gap de alta de 16/4 contra o gap de baixa de 25/4). Mais baixista ainda, o gap de baixa na abertura desta 6a. feira coincidiu com o corte da linha de tendência de alta de curto prazo.

Suponha que eu estivesse ainda comprado em Vale, apostando na recuperação do topo histórico deixado aos R$56,69 em 2 de outubro do ano passado (este topo já está há mais de 6 meses distante!) certamente eu estaria impaciente e confesso que o gap de baixa aliado à má notícia do lucro trimestral seria um impulso irresistível para eu liquidar a minha posição a mercado, não esperando recomprar antes que a tendência de alta voltasse a se restabelecer com clareza.

Entretanto, se fizesse isso, já estaria arrependido no final do dia quando Vale fechou todo o gap de abertura e fechou acima do fechamento do dia anterior! De repente, todo o mercado parecia ignorar o mau fundamento divulgado, renovando a esperança na retomada do esforço de recuperação da alta. Foi uma finta traiçoeira (ou violino) sobre grafistas e fundamentalista ao mesmo tempo, possivelmente influenciado pelo mercado como um todo que resolveu apresentar uma recuperação forte no final da tarde de 6a. feira.

Este episódio reforça a tese da irrelevância da notícia do dia como elemento útil na tomada de decisão em bolsa (respeitadas as exceções). O balanço trimestral foi oficialmente divulgado após o pregão do dia 24 de abril! Os resultados parciais de janeiro e fevereiro já eram conhecidos no início de março e, portanto, já havia projeções trimestrais em poder dos bons fundamentalistas (os que se antecipam às notícias) o que justifica a parada na alta das ações da Vale que hoje está uns 10% abaixo do pico de 6 meses atrás...

Abraços, Serra

5 comentários:

Seagull disse...

Cabe destacar, também, o importante contraponto do colega André (o "Vô-Garoto"), muito apropriado:

Desculpe-me, Serra, por discordar das bases do seu raciocínio. Em primeiro lugar, nenhum analista (pelo menos os que eu tenha lido) esperava um lucro trimestral maior que o mesmo trimestre do ano anterior, pois o de 2007 embutia um preço do níquel aproximadamente 70% mais alto do que o trimestre de 2008. Esperavam sim, um lucro um pouco maior que o apresentado e maior também que o último tri de 2007, mas a diferença muito pequena não foi suficiente para quebrar as boas expectativas futuras. Eu por exemplo, mal informado, acreditava que os novos preços para o minério de ferro, com aumento de +/- 70% era para todo o ano, desde janeiro, e já refletiria nos resultados apresentados, mas eu estava enganado. Porém, isso afeta muito pouco os resultados futuros.

O susto foi por causa de um resultado financeiro fraco, mas também esclarecido onde apenas uma pequena parcela se deveu a uma operação de hedge (com níquel se não me engano) e a grande parte teve efeito apenas contabil sem alteração na geração de caixa. Os números esperados, mesmo que sejam revistos, deverão continuar indicando compra forte. Ainda, o níquel teve seu pico em abril de 2007 e refletiu positivamente também no segundo tri 2007. Outra notícia negativa veio do volume exportado um pouco abaixo das expectativas, em função das chuvas acima da média, mas que não altera produção futura. Portanto, continuo acreditando na continuidade da alta e em novo TH no curto prazo, talvez ainda em maio. Entretanto, expectativas, como é sabido, precisam sempre ser ajustadas. Espero que novos reveses não apareçam como a retomada da negociação de compra da XTRATA.

Um abraço,
Andre

Anônimo disse...

E o BBDC? Lucro enorme e as ações caindo...

Anônimo disse...

Vai Vale, vai Vale...rss
Vai Ibovespa, força aê...hehe
Tô aqui na torcida. :-)

Anônimo disse...

Que pena...o Ibov chegou ao TH e voltou.
Fica para a próxima. :-(

Seagull disse...

Olha, depois da benesse à Telemar, que o mercado já havia precificado - levando, portanto, depois do fato, à realização - não seria a hora de uma contrapartida à VIVO (quem sabe facilitando a aquisição da TIM?)

Depois que acontece, o lucro esperto já foi para o bolso...

;-)

^v^